domingo, 17 de outubro de 2010

O que não se quer à vista

Caríssimos aventurosos, não sem certo atraso, reconheço, aqui vai o meu agradecimento ao Prof. Guilherme pela força dada para este blog. Fica também a recíproca desde já estabelecida. Recomendação para leitura de alta qualidade, confiram: http://prof-guilherme.capesp.org/ 

E agora, sobre a eleição, que é o assunto tormentoso do momento. Falar por partes, para não cansar (muito) , e diretamente também: Porque não votar em Jose Serra? Vejamos, Serra implodiu a educação paulista (ver informações de quem literamente está por dentro da educação paulista no blog citado supra), bateu em professor, botou a polícia dentro da USP, bateu em policial. Além disso exalta-se como mentor máximo dos genéricos quando, ao meu ver, tinha te dividir a importância, pelo menos, nesta implantação com as tentativas de Eduardo Jorge em 1991, Jamil Haddad no Decreto 793 e o mesmo Eduardo Jorge na lei de 1999. De certo que foi um esforço; no mínimo uma construção coletiva através do espaço/tempo. Serra teve um papel importante nesta história, mas daí o candidato tentar se arvorar em algo que personifique a imagem de herói, de suprassumo, em detrimento dos demais artífices, soa um pouco forçado. 

O candidato também carrega nas costas o fato de terem sido apuradas compras superfaturadas de ambulâncias sob os auspícios do Ministério da Saúde durante sua gestão. Além disso, temos a questão "Paulo Preto", denunciada por tucanos, em um genuíno fogo amigo, acusado de: (1) arrecadar dinheiro de caixa dois para campanha tucana; (2) sumir com o dinheiro desse caixa dois; Ainda, segundo auditoria da Fiscobras, era responsável pela fiscalização de obras no estado de São Paulo sobre as quais chegou-se à conclusão de que houve superfaturamento escandaloso, na ordem de 32 milhões de reais. Adiciona-se ainda que, na operação Caixa de Pandora, engendrada pela Policia Federal, apurou-se que no esquema de corrupção envolvendo o renunciante Arruda no Distrito Federal, há fortes suspeitas de que os pagamentos vultuosos de propina eram feitos para o Sérgio Guerra, presidente nacional do PSDB e coordenador da campanha de Serra, e Agripino Maia, parlamentar do DEM, aquele partido ex-PFL e, antes, ex-Arena, partido geminado aos torturadores, autoritários, estupradores, criminosos de lesa humanidade, etc., Agripino Maia, aquele mesmo que quis fazer a mentira perante a tortura parecer vergonhosa, sendo posteriormente trucidado por uma Dilma Roussef muito mais solta e espontânea. Pois este mesmo senhor aparece agora puxado pelo vácuo do obscurantismo ético e legal provocado pelo governo de Arruda. (Verifiquem Carta Capital 618 para mais informações)

É isto que José Serra representa, mas não somente isso. Poderia se objetar que para um Paulo Preto tucano, há uma Erenice petista. E de fato é verdade. Parece-me que a corrupção, apesar de toda a luta, continua endêmica no Brasil. E o PT fez pouquíssimo para mudar a conjuntura e isso quando não contribuiu para o lado contrário, com o caso de caseiros Francenildos e campanhas de caixa dois com Valérios da vida. Mas uma coisa não se pode negar. Acredito haver gente boa neste governo, apesar da inércia, do clientelismo, do fisiologismo. E a prova maior disso são os avanços brasileiros. Votar em Serra é fechar o canal que a essa gente boa tem e que nós também temos de ousar mais mudanças para o Brasil. E é aqui que entra, ao meu ver, para além da corrupção, presente ao que parece nos dois pólos políticos adversários, o principal vício que José Serra representa: o esquema de dominação.  Pois me parece claro que as elites do Brasil, poquíssimo democráticas, rancorosas e egoístas, querem conservar seus privilégios sorvendo o sangue da população carente, mantida convenientemente em clara ignorância política. Querem fazer ,do povo, massa de manobra política das mais rasteiras. Digo para vocês: com Serra não vem o Diabo não, mas vem os ruralistas, latinfundiários obstaculizadores da reforma agrária, as elites econômicas ávidas pela manutenção do status quo, a mesma meia dúzia de famílias que controla o poder midíatico no Brasil, etc., O que o governo Lula alcançou foi uma porta de entrada para que o Brasil passe a fase da miudeza e alcance o esclarecimento. O esquema de dominação que perdurou durante 500 anos nesse país precisa continuar retido nos porões, destinados à putrefação, do conservadorismo obtuso e arcaico.

Ainda preciso comentar, ou melhor, fazer uma defesa dos programas assistenciais do governo Lula e falar de outros desmandos midiáticos pró tucanos de fazer corar o mais beato dos beatos.  Mas fica para outra hora.

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